Os vírus são os menores agentes infecciosos (com diâmetro que varia de 12
nm até 400 nm) causadores de doenças em humanos, animais ou plantas. Essas
doenças podem ser benignas, como as verrugas ou doenças graves, como a
AIDS. Entretanto, vale ressaltar que além de causarem problemas aos seres
humanos, os vírus têm servido como ferramentas fundamentais em pesquisas
científicas. Como sua utilização em vetores para introdução de genes em
organismos, abrindo as fronteiras da terapia gênica.
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Comparação de tamanho dos vírus com uma bactéria e um
eritrócito humano
(Fonte: Tortora; Funke; Case, 2012)
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Eles são constituído de apenas um tipo de ácido nucleico, DNA ou RNA, é
envolvido por uma capa proteica, denominada capsídeo e, em alguns casos,
pode apresentar uma membrana lipoproteica, denominada envelope ou
envoltório, os vírus que possuem o envelope são chamados de vírus
envelopados. A unidade infecciosa completa é denominada virion.
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Componentes da partícula viral completa, o virion
(Fonte: Brooks et al., 2014)
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Essa simplicidade faz com que os vírus sejam inertes no ambiente
extracelular, sendo incapazes de crescimento independente, podendo
replicar somente em células animais, vegetais ou microrganismo. Dessa
forma, são classificados como
parasitas intracelulares obrigatórios, já que dependem da
maquinaria interna de outros organismos para a sua reprodução. O ácido
nucleico viral contém a informação necessária para programar a célula
hospedeira infectada a iniciar a síntese das macromoléculas específicas
utilizadas para a reprodução viral.
Composição dos vírus
Ácido Nucleico
Os vírus são constituídos de apenas um tipo de ácido nucleico, DNA ou RNA,
ambos podem ser encontrados tanto na forma de fita simples (ss: single
stranded) quanto de fita dupla (ds: double stranded). Assim, os vírus
possuem quatro tipos de genomas: DNA fita simples (ssDNA); DNA fita dupla
(dsDNA); RNA fita simples (ssRNA) ou RNA fita dupla (dsRNA). Além disso, o
ácido nucleico pode ser encontrado na forma linear, circular ou
segmentado.
A quantidade de ácido nucleico na partícula viral pode variar de 2.000 a
2,5 milhões de bases ou pares de bases. Os genomas maiores são observados
apenas em vírus gigantes (mimivírus e pandoravírus) que infectam amebas.
Em 2000, Bresnahan e Shenk descreveram pela primeira vez, uma exceção à
regra de que os vírus contêm um só tipo de ácido nucleico: o
citomegalovírus, um herpesvírus com genoma de DNA contém uma pequena
quantidade de RNA em sua partícula viral. São RNAs mensageiros (mRNAs) que
são imediatamente traduzidos nos ribossomos, dando origem a proteínas
utilizadas nas etapas precoces da replicação viral, antes do início da
transcrição do genoma.
Capsídeo
O capsídeo é a estrutura proteica que fica envolta do genoma viral e que
lhe confere proteção, é formado a partir das proteínas chamadas
capsômeros
e, dependendo da forma que o capsômero se agrupa em torno do genoma ele
vai apresentar uma simetria característica, normalmente icosaédrica ou
helicoidal. O genoma em conjunto com o capsídeo constitui o
nucleocapsídeo.
Envelope viral
Alguns vírus possuem, além do ácido nucleico e do capsídeo, uma estrutura
similar à das membranas celulares, constituída de lipídeos, proteínas e
carboidratos, que envolve o nucleocapsídeo, essa estrutura é chamada de
envelope viral. Essa estrutura provêm da célula hospedeira, que durante o
processo de extrusão, quando a partícula viral é liberada da célula
hospedeira, a partícula é envolvida por uma camada de membrana plasmática
celular que passa a constituir o envelope viral.
Devido a presença de lipídeos no envelope, os vírus envelopados são
sensíveis a solventes orgânicos, como o éter. Quando estão na presença
dessa substância, os lipídeos são dissolvidos e o vírus perde a sua
infectividade. É importante salientar que as glicoproteínas do envelope,
por estarem expostas na superfície viral, constituem os principais
antígenos de vírus envelopados.
Enzimas
Apesar de serem inertes fora da célula, algumas partículas virais possuem
enzimas que têm grande importância no processo infeccioso. Os retrovírus,
por exemplo, possuem a transcriptase reserva, necessária para a sua
replicação. Em outros vírus, há enzimas que ajudam o agente infeccioso a
entrar na célula. É o caso de alguns bacteriófagos, que possuem uma
enzima, lisozima, necessária para fazer uma perfuração na parede celular
para a penetração do genoma viral na célula hospedeira.
Morfologia e simetria da partícula viral
Com base na simetria do capsídeo, os vírus podem ser classificados em
vírus poliédricos, helicoidais ou de estrutura complexa.
É necessário dispor de informações sobre a estrutura dos vírus para a sua
classificação e para que se compreendam os mecanismos de certos processos,
como a interação das partículas virais com receptores de superfícies
celular e anticorpos neutralizantes, o que também pode levar ao
planejamento racional de fármacos antivirais, capazes de bloquear a
fixação, o desnudamento ou a organização dos vírus em células suscetíveis.
Vírus poliédrico
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Morfologia de um vírus poliédrico (icosaédrico) não
envelopado
(Fonte: Tortora; Funke; Case, 2012)
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O capsídeo da maioria dos vírus poliédricos tem a forma de um icosaédro. O
icosaédro é um polígono de 20 faces triangulares, 12 vértices e 30
arestas, que apresenta três eixos de simetria. O ácido nucleico
encontra-se empacotado no centro do polígono. Os adenovírus e os
picornavírus são exemplos de vírus icosaédricos, não envelopados, e os
herpes-vírus são exemplos de vírus icosaédricos envelopados.
Os vírus icosaédricos não têm obrigatoriamente morfologia icosaédrica,
podendo apresentar morfologias diversas, desde que mantenham a simetria
icosaédrica.
Vírus helicoidal
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Morfologia de um vírus helicoidal
(Fonte: Tortora; Funke; Case, 2012)
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Nos vírus de simetria helicoidal, os capsômeros assemelhando-se a bastões
longos, que podem ser rígidos ou flexíveis, eles são dispostos em torno do
ácido nucleico na forma de uma hélice. O ácido nucleico fica no interior
desta estrutura, em geral intimamente associado aos capsômeros, formando
um nucleocapsídeo mais compacto. Os vírus do mosaico do tabaco são um
exemplo de vírus helicoidais não envelopados, já o vírus da raiva é um
exemplo de vírus helicoidal envelopado.
Da mesma forma que os vírus poliédricos, os vírus helicoidais podem
apresentar morfologias diversas, o vírus da raiva, por exemplo, apresenta
a forma de bala de revólver.
Vírus de estrutura complexa
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Morfologia de um vírus de estrutura complexa
(Fonte: Tortora; Funke; Case, 2012)
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Os vírus de estrutura complexa são vírus que não podem ser classificados
como poliédricos ou helicoidais. O exemplo mais característico são alguns
bacteriófagos, como o T4, que tem um capsídeo em forma de cabeça
poligonal, com estruturas adicionais, formando uma cauda, com bainha
contrátil, placa basal, fibras e outras estruturas.
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