Purificação e identificação dos vírus

mão femininas com luvas de látex colocando tubos em uma centrífuga com o título do post "Purificação e identificação dos vírus"


Purificação das partículas virais


É necessário dispor de vírus purificados para efetuar certos tipos de estudo sobre as propriedades e a biologia molecular do agente. Para estudos de purificação, o material inicial consiste, em geral, em grandes volumes de meio de cultura de tecido, líquidos orgânicos ou células infectadas. Com frequência, a primeira etapa envolve a concentração das partículas virais por precipitação com sulfato de amônio, etanol ou polietilenoglicol, ou por ultrafiltração. A hemaglutinação e a elução podem ser utilizadas para concentrar os ortomixovírus.

Uma vez concentrados, os vírus podem ser então separados dos materiais do hospedeiro por meio de centrifugação diferencial, centrifugação com gradiente de densidade, cromatografia em coluna e eletroforese.

Em geral, é necessária mais de uma etapa para se obter uma purificação adequada. A purificação preliminar remove a maior parte do material não viral. Essa primeira etapa pode incluir centrifugação; a etapa final de purificação quase sempre envolve centrifugação com gradiente de densidade. Na centrifugação zonal, coloca-se uma amostra de vírus concentrado em um gradiente de densidade linear pré-formado de sacarose ou glicerol, e durante a centrifugação, o vírus sedimenta-se em forma de banda, a uma velocidade determinada principalmente pelo tamanho e pelo peso da partícula viral.

Os vírus também podem ser purificados por centrifugação em alta velocidade, em gradientes de densidade de cloreto de césio, tartarato de potássio, citrato de potássio ou sacarose. O material de escolha para o gradiente deve ser o menos tóxico para o vírus. As partículas virais migram para uma posição de equilíbrio, em que a densidade da solução é igual à sua densidade de flutuação, formando uma banda visível.

Outros métodos de purificação baseiam-se nas propriedades químicas da superfície do vírus. Na cromatografia em coluna, o vírus liga-se a uma substância, como o dietilaminoetil ou a fosfocelulose, e, em seguida, sofre elução por alterações no pH e na concentração de sal. A eletroforese zonal permite a separação das partículas virais de contaminantes com base na carga elétrica. Além disso, podem-se utilizar antissoros específicos para remover partículas virais do material do hospedeiro.

É mais fácil purificar os vírus icosaédricos do que os vírus com envelope. Como os últimos em geral contêm quantidades variáveis de envelope por partícula, a população viral é heterogênea tanto no seu tamanho quanto na sua densidade.

É muito difícil obter a purificação completa dos vírus. Pequenas quantidades de material celular tendem a sofrer adsorção às partículas com a consequente copurificação. Os critérios mínimos de pureza consistem no aspecto homogêneo em micrografias eletrônicas e na impossibilidade de outros métodos de purificação de remover "contaminantes" sem reduzir a infecciosidade.

Identificação de uma partícula como vírus


Uma vez obtida uma partícula física típica, ela deve preencher os seguintes critérios para que seja identificada como partícula viral:

1. A partícula só pode ser obtida de células ou tecidos infectados.

2. As partículas obtidas de várias fontes são idênticas independentemente da origem celular em que o vírus está crescendo.

3. As partículas contêm ácido nucleico (DNA ou RNA), e a sequência não é a mesma das espécies das células do hospedeiro de onde as partículas foram obtidas.

4. O grau de atividade infecciosa da preparação varia diretamente com o número de partículas presentes.

5. A destruição da partícula física por meios químicos ou físicos está associada a perda da atividade viral.

6. É necessário demonstrar que certas propriedades das partículas e da infecciosidade são idênticas, como, por exemplo, o seu comportamento de sedimentação na ultracentrífuga e suas curvas de estabilidade em pH.

7. Os antissoros preparados contra o vírus infeccioso devem reagir com a partícula característica e vice-versa. A observação direta de um vírus desconhecido deve ser efetuada por exame ao microscópio eletrônico da formação de agregado em uma mistura de antissoros e suspensão viral não purificada.

8. As partículas devem ser capazes de induzir a doença característica in vivo (se tal experimento for possível).

9. A passagem das partículas em cultura de tecido deve resultar na produção de uma progênie com propriedades biológicas e antigênicas do vírus.


REFERÊNCIAS


BROOKS, G.F. et al. Microbiologia médica. 26.ed. Porto Alegre: AMGH, 2014.

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